Lembro como se fosse hoje. As primeiras informações chegaram na redação sobre a queda de um prédio, na zona oeste do Rio de Janeiro. A notícia nos pegou de surpresa pois era semana de carnaval e estávamos todos mobilizados para a cobertura na Marques de Sapucaí.
Era meia-noite de domingo quando moradores do Palace II ouviram um estrondo. Em poucas horas, os 44 apartamentos das colunas 1 e 2 vieram abaixo matando 8 pessoas. O prédio havia sido parte evacuado e oito pessoas ainda estavam no edifício de 22 andares e não sobreviveram.
Foram dias e dias de jornais quase que inteiramente dedicados a esse assunto – reportagens sobre os enterros, a situação dos moradores que perderam suas casas e não tinham para onde ir. Histórias de 176 famílias que perderam tudo: móveis, documentos, roupas, suas lembranças, uma vida inteira. Reportagens também sobre os engenheiros responsáveis pela obra, até chegar a construtora Sersan do empresário e deputado federal, Sergio Naya. Passados mais de 20 anos, até hoje os moradores ainda não foram indenizados. Sérgio Naya morreu em 2001 sem cumprir os pagamentos.