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"ENTREVISTA" com Cris Navarro

Atualizado: 10 de mar. de 2019

A redação de uma televisão abriga muitos profissionais, ao contrário do que a grande maioria pensa. Não são apenas os âncoras e repórteres que buscam e tratam a notícia. Desde que comecei na TV Bandeirantes como estagiária na área da apuração, tive a oportunidade de conhecer grandes profissionais aqui no Rio de Janeiro.

O Blog Entrevista traz uma profissional que tive a honra de trabalhar durante minha curta temporada no SBT. A jornalista Cris Navarro guarda na bagagem pouco mais de 20 anos de experiência e já ganhou prêmio com reportagem especial sobre pedofilia. Passou por grandes emissoras no Rio de Janeiro até chegar ao SBT, onde hoje é Chefe de Redação do SBT Rio.


1.Sua função é pouco conhecida do grande público. Então vamos começar pelo início, como é o seu trabalho na Chefia de Redação do SBT no Rio de Janeiro?


Minha função consiste em coordenar e gerenciar todos os programas jornalísticos que fazem parte da grade do SBT Rio (SBT Rio, Esporte Rio, Esporte Mágico e Cariocou), além das equipes de rede que fazem reportagens diariamente para o SBT Brasil, SBT Notícias e Primeiro Impacto. Faço a integração entre o que está sendo feito pelos jornais locais e de rede para que possam fazer uma melhor cobertura dos assuntos. Também me envolvo com o que está sendo produzido pelos jornais e faço três reuniões por dia com as Chefias de SP para que definamos juntos os assuntos mais relevantes do dia aqui no Rio de Janeiro para entrarem nos nossos jornais nacionais.


2. Além do jornalismo, o profissional precisa entender a sua cidade, conhecer a geografia e a dinâmica das instituições. Sem essas habilidades, seria mais difícil, não é?

É fundamental conhecer um pouco de tudo. Saber onde fica cada região é importante na hora de mandarmos equipes para cobertura dos factuais, assim podemos calcular o tempo de deslocamento e se o local é perigoso ou não para a equipe. No caso aqui do Rio, temos que ficar atentos às favelas e saber também se são áreas dominadas por tráfico ou milícia, para que saibamos qual abordagem usar para poder acessar o local. Por isso, é imprescindível saber aonde estamos “pisando” para não colocarmos a equipe em risco e nem perdermos um grande assunto.


3. Sua carreira começou em 1997. Divide com a gente, alguns casos de repercussão que você participou?


Foram muitos! Mas participei da cobertura do sequestro do ônibus 174, em 2000, na época trabalhando pelo Canal Futura. Fiz a edição de belíssimas matérias do PanAmericano de 2007, pela Record. E pelo SBT, emissora que estou há 11 anos, fiz inúmeros casos como o assassinato do Amarildo, na Rocinha, em 2013, mesmo ano das inúmeras manifestações que aconteceram no Rio e da Jornada Mundial da Juventude. Em 2014 fizemos uma belíssima cobertura da Copa do Mundo e em 2016 das Olimpíadas. Entre tantas outras ao longo de 21 anos de carreira.


4. Como é trabalhar com profissionais em uma cidade onde um dia se cobre polícia e outro política ou economia?


Todo dia cobrimos assuntos diferentes. Essa é a magia do jornalismo. Não tem marasmo e mesmice. O Rio é notícia em qualquer parte do mundo. É a Cidade Maravilhosa, então aconteceu aqui, virou notícia lá fora. Infelizmente, os telespectadores consomem mais notícias fortes, como violência, fraudes, políticos corruptos e coisas que mancham um pouco a imagem do Rio, mas também há uma parcela que quer ver nossa beleza, e aí é a hora que temos que mostrar o porquê do Rio ser assim tão famoso. Afinal, mesmo com tanta coisa ruim, o carioca é um povo parceiro e que gosta de receber turistas o ano todo.


5. Que tipo de notícia você mais gosta, mais te motiva a buscar o fato?


Sou suspeita, mas comecei a carreira na apuração, assim como todos nós e os assuntos de polícia sempre me despertam mais curiosidade. Tanto que recebi o prêmio Tim Lopes com uma série de reportagens sobre pedofilia, que abordava não só o drama das vítimas como fazia um raio x do pedófilo, e essa doença da qual ele não consegue fugir sem tratamento.


6. Em poucas palavras fale sobre:


- Altos e baixos da profissão?


Nem sempre o jornalismo é uma maravilha. O salário é baixo e o estresse de uma redação não é pra qualquer um. Já pensei em desistir várias vezes. Ao longo dos anos, o estresse me fez ficar hipertensa e com problemas cardíacos. Mas, essa profissão é uma “cachaça” e é um vício que pretendo levar comigo até a aposentadoria.


- Erros que não podem se repetir?


Acusar sem provas um suspeito de crime é a mais comum e que todo jornalista já cometeu ao menos uma vez. Temos que ter muita atenção, pois uma notícia errada pode acabar com uma vida. Ainda mais no mundo de hoje, onde a tecnologia faz com que a informação circule de maneira absurdamente rápida.


- Notícias que nunca esqueceu?

São muitas! Mas a que mais mexeu comigo foi a morte do menino João Helio, em 2007. Bandidos roubaram o carro, retiraram o motorista, mas a criança ficou presa pelo cinto de segurança do lado de fora do carro e foi arrastada até morrer. Na época meu filho tinha 2 anos e eu fiquei muito abalada. Chorei muito e, por conta do que aconteceu com o menino, passei q deixar meu filho sem cinto na cadeirinha para evitar que acontecesse com ele o que aconteceu com João Hélio.


- O que diria a quem está começando no jornalismo?


Se você quer mesmo ser jornalista assume que não vai ser rico, que nem todo jornalista apresenta um jornal e esquece finais de semanas, feriados prolongados, Natal, Réveillon e Carnaval. E se mesmo assim você continuar no ramo, se entregue 100% e seja feliz com a profissão que você escolheu.


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